Esta semana a Câmara de Vereadores de Macapá protagonizou um fato que provocou inúmeras reações, principalmente nas redes sociais, em meio a uma população carente de melhores informações sobre o “autismo”.
O fato aconteceu quando um parlamentar questionou se existe alguma maneira de evitar que crianças venham a nascer autistas – trocando a frase “exame Pré-natal“ por exame “pré-nupcial“. Confesso a todos vocês que não vi maldade na fala do vereador, mas pura ignorância, por falta de conhecimento do tema em debate.
O vereador Jorge Abdom,(PP), assim como boa parte da sociedade, revela-se não dominar o assunto por falta de conhecimento. E alguns de seus pares não demonstraram tolerância suficiente para promover esse aprendizado, preferindo aproveitar a “oportunidade” para o proselitismo político.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA), popularmente conhecido como autismo, é uma condição que afeta o desenvolvimento neurológico e causa dificuldades na interação social, na comunicação e no comportamento, em diferentes níveis. Dados apontam que o TEA atinge até 2% da população mundial e, no Brasil, estima-se que existam 2 milhões de pessoas com autismo.
Precisamos aprender que a maneira como uma pessoa com autismo enxerga o mundo está conectada diretamente aos sentidos. Assim como é difícil lidar com as informações de um ambiente, existem diversas respostas neurológicas para organizar cada sensação de tato, olfato, visão, paladar e audição.
Não gostar de carinho ou afeto – e por isso não se deixa abraçar ou beijar; ter dificuldade em relacionar-se com outras crianças; repetir sempre as mesmas coisas, sons e palavras; brincar sempre com os mesmos brinquedos; tudo isso não significa falta de capacidade cognitiva.
As crises de agressividade no autista podem ser desencadeadas por uma série de fatores, tais como: Sobrecarga sensorial, sensibilidades sensoriais que podem levar a uma sobrecarga de estímulos como barulhos altos, luzes fortes ou texturas desconfortáveis, que podem desencadear uma resposta agressiva.
Autistas podem entender que o contato visual é uma experiência sensorial intensa demais. Podem achar difícil demais se concentrar na fala e no olhar ao mesmo tempo. Podem, ainda, não entender que olhar nos olhos de outro indivíduo é tão ou mais revelador que observar a boca ou outras partes.
Diversos relatos de autistas descrevem o desconforto contínuo do contato visual. Se sentem incomodados, intimidados e até mesmo perdem a concentração sobre o que estão falando ou ouvindo ao fixarem a visão nos olhos de alguém.
Segundo a visão espírita o autismo é uma condição que pode ser compreendida como uma experiência única de aprendizado e evolução espiritual. Para o espiritismo crianças com autismo são seres especiais, com uma sensibilidade e sabedoria intrínsecas, que muitas vezes não são compreendidas pela sociedade.
Por: Edinho Duarte | Jornalista e pedagogo