A vassoura-de-bruxa da mandioca, causada pelo fungo Ceratobasidium theobromae, foi identificada pela primeira vez no Brasil em 2023, no município de Oiapoque, na fronteira com a Guiana Francesa. Desde então, a praga já foi detectada também em Calçoene, Pedra Branca do Amapari e Serra do Navio, avançando com rapidez e gerando preocupação entre agricultores e pesquisadores.
A doença causa deformações, brotações anormais, redução no tamanho das raízes e queda significativa na produtividade, tornando muitas áreas de cultivo economicamente inviáveis. Seu avanço compromete não apenas a renda de agricultores, mas também a segurança alimentar e a sustentabilidade da agricultura familiar no Amapá.

O deputado Júnior Favacho destacou a importância da integração entre pesquisa e produção rural.
“Estamos buscando conectar o produtor, a Embrapa e o IEPA para achar uma solução definitiva. O Amapá é um estado de solo fértil, mas hoje já não consegue produzir a própria farinha que consome. Destinamos R$ 500 mil em emenda parlamentar para o IEPA, a fim de apoiar pesquisas e fortalecer o enfrentamento dessa praga que vem devastando a produção local”, afirmou.
O coordenador de Desenvolvimento Tecnológico do IEPA, Marcelo Carim, reforçou a gravidade da situação e a necessidade de estratégias estruturais.
“Estamos diante de uma doença severa, mas que pode ser enfrentada com tecnologia e ciência. O IEPA tem desenvolvido protocolos de manejo eficientes e produzido mudas livres de contaminação, com apoio do nosso Laboratório de Cultura de Tecidos. A solução passa por duas frentes: apoio direto ao produtor e investimentos em pesquisa e extensão”, explicou.
Representando os agricultores, Douglas Dutra, presidente da Associação de Produtores de Itaubal, relatou que, apesar de a praga ainda não ter alcançado a região, os produtores já adotam medidas de prevenção.
“Ainda não temos casos confirmados em Itaubal, mas estamos preparados. Melhoramos o espaçamento das plantas, investimos em irrigação e em técnicas de cultivo mais sustentáveis. O que falta, muitas vezes, é assistência técnica contínua para manter o controle quando a doença chegar”, disse.
A audiência contou ainda com a participação da chefe-adjunta de Pesquisa da Embrapa Amapá, Ana Elisa Montagner; da diretora de Defesa Agropecuária do Estado, Kelly Gonçalves; da secretária do Instituto de Extensão, Assistência e Desenvolvimento Rural, Beatriz Barros; e do superintendente do Ministério da Agricultura e Pecuária no Amapá, Patrick Cantuária.





