No Acordo de Paris, realizado em 2015 e que reuniu as maiores autoridades governamentais do mundo, ficou acordado que a temperatura da Terra não chegasse ao patamar considerado como limite crítico do aquecimento global de 1,5º. Limite este que era previsto apenas para o período entre 2030 e 2035.
Porém, o Serviço Copernicus de Mudança Climática (C3S), que é o programa de observação da Terra da União Europeia (UE), atestou que o janeiro de 2024 superou o de 2020, até então, o mais quente desde o início dos seus registros em 1950.
O mês passado, portanto, alcançou alarmantes 1,66º no mundo, a média mais alta que a estimada em janeiro no período entre 1850 e 1900. Para se ter uma ideia do quão preocupante é esta elevação na temperatura global, a média considerada como “catastrófica”, pelo Climate Central, fica acima de 2º.
Mas é preciso que governos, iniciativa privada e cientistas agilizem medidas mais efetivas do que as existentes para que o planeta não chegue ao extremo previsto, que poderá causar danos irreversíveis ao meio ambiente e à vida humana. O carbono verde é uma alternativa que já é praticada e que vem mostrando avanços alvissareiros através de metas estipuladas, tais quais abaixo:
– Projetos de reflorestamento;
– Prevenção do desmatamento;
– Projetos de criação e manutenção de usinas de energia renováveis;
– Investimento em marketing e campanhas que incentivem o consumo consciente;
– Uso de fontes de energia alternativas e que não sejam de fontes esgotáveis, como, por exemplo, as usinas termelétricas que usam combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural;
– E, por fim, incentivos, por parte de governos, para os anos entre 2050 e 2060, caso não haja acordo dentro do próprio Acordo de Paris.
O aumento considerável na escala de medições do clima ocorre não apenas pela influência de fenômenos naturais como o El Niño, que causa aquecimento das águas do Oceano Pacífico, portanto, elevando a temperatura, mas, principalmente, por conta da interferência direta do ser humano em liberar excessivamente gases de efeito estufa.
Ainda segundo o C3S, entre fevereiro de 2023 e janeiro de 2024, houve uma preocupante elevação de 1,52º, acima da era pré-industrial. Samantha Burgess, diretora adjunta do C3S, em declaração à agência alemã Deutsche Welle, afirmou que “não só é o janeiro mais quente já registrado, mas também acabamos de experimentar um período de 12 meses de mais de 1,5°C acima do período de referência pré-industrial“.
A diretora ainda explicou que “uma rápida redução nas emissões de gases de efeito estufa é a única maneira de se interromper o aumento das temperaturas globais“, concluiu.
Recordes no Amapá devido ao calor elevado
O mês de outubro de 2023, no Amapá, foi o mais intenso em termos de calor elevado em se comparando com o mesmo mês em 2022. Houve registros máximos que variaram entre 35,5º e 36º. Mais de 17 mil focos de calor, detectados quando há uma elevação acima de 47ºC e que representam a possível ocorrência de incêndios ou queimadas em alguma região, foram registrados no estado.
O Governo do Amapá chegou a declarar emergência, no dia 21 de outubro, além de instalar um gabinete de crise para amenizar os impactos que as altas temperaturas estavam causando no estado. Foram calculados mais de mil incêndios, ou 120% a mais do que outubro de 2022.
A estiagem e a ausência de chuvas afetaram diretamente a vida de populações mais distantes da capital Macapá, como o Distrito do Bailique e o município de Tartarugalzinho, que receberam ação humanitária administrada pelo GEA.
Amapá: exemplo de conservação florestal
O poder público amapaense, desde 1992, quando foi assinado o Protocolo de Kyoto, no Japão, assim como ao Acordo de Paris, vem tentando se adequar às alternativas de conservação do meio ambiente e diminuição de danos causados pelo calor extremo.
O Amapá, estado mais preservado do país com 77% de sua cobertura vegetal intacta, vem dando um exemplo através de políticas publicas de preservação do ecossistema, com o maior plano de manejo florestal sustentável do país, colocando em prática a bioeconomia.
Na comunidade do Maracá, no histórico município de Mazagão, a Associação dos Trabalhadores do Assentamento Agroextrativista do Maracá (ATEXMA), em parceria com a empresa TW Forest/Ecoforte, implementam estudos para a verificação de quais espécies de árvore estão dentro dos padrões e normas ambientais para que o manejo sustentável seja efetivado, sem prejudicar o ecossistema da floresta.
Compartilhamento de informações, geração de emprego e renda, além de enriquecer a região e o estado, são o resultado do manejo, impedindo, inclusive, o desmatamento indiscriminado. O plano foi apresentado a autoridades da União Europeia em janeiro passado, na Embaixada da Áustria, em Brasília, pelo Governo do Amapá. Encontro considerado histórico para o Estado pela relevância do tema e o número de interessados, de outros países, na questão da preservação e do investimento em futuros projetos.
*As informações sobre o Amapá foram escritas com base em dados do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (IEPA), da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA) e da Secretaria de Estado da Comunicação (SECOM).