O principal objetivo é transformar o espaço da antiga estação da EFA em um centro de memória e desenvolvimento turístico. A ativista Ester de Paula destacou que o projeto inclui a criação de um museu, revitalização da estrutura, instalação de restaurantes, lojas de artesanato e áreas de convivência que impulsionem a economia criativa e valorizem a identidade local.
A audiência contou com a presença de autoridades como o deputado estadual Jory Oeiras, o secretário estadual de Mineração, Jotávio Borges Gomes, além das pesquisadoras Elke Rocha e Ana Cristina Rocha, da Unifap, que coordenam um projeto acadêmico voltado à preservação da memória cultural da ferrovia.

A promotora de Justiça Socorro Pelaes, que atua na Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, também participou do encontro. Em sua fala, reforçou o valor histórico da ferrovia para o Amapá e defendeu sua preservação como ferramenta de fortalecimento cultural e estímulo ao turismo sustentável.
“É necessário que tenhamos momentos como esse e firmarmos o compromisso de que daremos um destino útil em proveito de toda a coletividade amapaense. […] Nós temos história, temos conteúdo. Precisamos desse resgate para que nossa descendência possa conhecer mais sobre nós”, afirmou a promotora.
Ela também destacou que o Amapá possui um patrimônio histórico que ainda não recebeu a devida atenção.
“Outros estados e municípios estão dando nova destinação ao que foi deixado como herança. E nós temos aqui um bem valioso que não estava recebendo o valor merecido. Mas vamos deixar isso no passado. A partir de agora, acredito que vamos trabalhar de forma diferente”.
Grupo de Trabalho e Ações do MP
A audiência pública representou um passo importante na articulação entre sociedade civil, poder público e instituições de pesquisa. Um grupo de trabalho será formado para propor alternativas viáveis à revitalização do complexo ferroviário, conciliando memória, cultura e desenvolvimento econômico regional.
Paralelamente, a Promotoria de Justiça de Santana instaurou procedimento para apurar denúncias de suposto desmonte de parte do acervo ferroviário da EFA. Segundo relatos enviados ao Ministério Público, peças inteiras estariam sendo retiradas de locomotivas em bom estado e tendo destino desconhecido, enquanto as carcaças seriam devolvidas ao local para simular integridade.
Há ainda denúncias sobre a remoção de equipamentos da antiga oficina de manutenção, cuja guarda está sob responsabilidade de uma empresa designada como fiel depositária. Imagens e vídeos enviados à Promotoria reforçam os pedidos da população para que o MP evite a perda irreparável desse acervo.
História da Estrada de Ferro do Amapá
A Estrada de Ferro do Amapá foi construída para o escoamento do manganês extraído pela Icomi – Indústria e Comércio de Minérios S/A –, que operou no estado entre 1953 e 1998. Além de sua função econômica, a ferrovia foi um marco de modernização e ocupação territorial, deixando um legado que inclui trilhos, locomotivas e a Vila Serra do Navio, além de memórias que atravessam gerações.