A descoberta confirma que o Amapá, no extremo norte do Brasil, faz parte da rota dessa espécie centenária. Durante a expedição, que vai até o dia 26 de outubro, uma das árvores encontradas alcançou cerca de 70 metros de altura, o equivalente a um prédio de 24 andares.
Segundo Paulo Labiak, pesquisador da UFPR, árvores gigantes ocorrem em grande parte da Amazônia, mas no Amapá e no Pará elas atingem alturas muito maiores. No entanto, as razões para esse crescimento excepcional ainda não são claras.
“Existem vários pesquisadores tentando compreender esse fenômeno impressionante, se é a influência do solo ou o tipo de clima que faz com que as árvores cresçam dessa forma. E, muito provavelmente, elas estão muito antes dos portugueses chegarem ao Brasil. É fundamental que esses estudos continuem para compreendermos melhor o comportamento e os fatores que geram a regeneração dessas árvores na unidade de conservação, pois é muito difícil encontrar indivíduos jovens se regenerando”, enfatizou Labiak.
Rafaela Forzza, coordenadora da equipe de botânicos, destacou que essas árvores gigantes estão localizadas em várias unidades de conservação do Amapá e Pará, como o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, a Floresta Nacional da Mulata, a RDS do Rio Iratapuru e outras.
“É uma faixa que essas árvores conseguem chegar a uma altura magnifica. Ao longo do rio, foi possível observar que os angelins estão acima de todas as outras espécies, pois, quando termina a copa de árvores normais, eles se estendem de 30 a 40 metros acima. Aqui é mais um território de árvores gigantes e mais um lugar que documentamos na Amazônia”, destaca Rafaela.
A RDS do Rio Iratapuru é um santuário natural com paisagens impressionantes, fontes de água mineral e 21 corredeiras ao longo do rio. Os moradores locais, em sua maioria extrativistas, vivem da coleta de castanha, pesca artesanal e do trabalho em cooperativas.
Taísa Mendonça, secretária de Estado do Meio Ambiente, destacou que essas expedições fazem parte de uma política permanente de monitoramento ambiental e fortalecimento do desenvolvimento sustentável, em parceria com instituições públicas e privadas. “Desde o ano passado, o governo tem trabalhado para fortalecer as políticas ambientais e apoiar pesquisas sobre as riquezas das nossas florestas“, disse Mendonça.
O angelim-vermelho é uma árvore majestosa, cujo nome científico, Dinizia excelsa Ducke, significa magnífico e esplendoroso. Ela é encontrada em solos sílico-argilosos de florestas primárias, onde se estende acima da copa das outras árvores, atingindo alturas impressionantes.