Ciclo do Marabaixo 2025: retirada dos mastros nas matas do Curiaú marca um dos pontos altos da tradicional programação

No sábado, 24, acontece um dos momentos mais simbólicos do Ciclo do Marabaixo 2025: a retirada dos mastros nas matas da comunidade quilombola do Curiaú, em Macapá. Ao som das caixas, no balançar das bandeiras e embalados pelos ladrões — como são chamadas as cantigas tradicionais —, os grupos que integram a programação, com apoio do Governo do Amapá, realizam uma verdadeira celebração de fé, cultura e ancestralidade.
Foto: Gabriel Penha/Fundação Marabaixo/GEA
Foto: Gabriel Penha/Fundação Marabaixo/GEA

A retirada dos mastros é conduzida pelos grupos tradicionais Berço do Marabaixo, Raimundo Ladislau, Marabaixo do Pavão, Associação Zeca e Bibi Costa (Azebic), União Folclórica da Campina Grande e Santíssima Trindade de Casa Grande. A atividade é um dos momentos centrais das celebrações em homenagem ao Divino Espírito Santo e à Santíssima Trindade. Além disso, reforça o compromisso com a preservação ambiental: para cada árvore retirada, uma muda da mesma espécie é plantada, como forma de compensação e respeito às matas.

O ponto escolhido no Curiaú é uma área de mata localizada às margens da Rodovia AP-070, que recebeu uma ação de limpeza realizada pela Secretaria de Estado de Transportes (Setrap). Após a retirada, acontece o tradicional “marabaixão”, um marabaixo conjunto à beira da estrada, seguido de um almoço coletivo.

“É um momento para celebrar juntos aquilo que temos em comum, que é a força da fé e da tradição que nos unem. Antigamente, essa retirada era feita apenas por homens. Hoje, isso mudou, e os grupos são comandados por mulheres. O mastro fica em frente ao barracão e é o marco das celebrações ao Divino e à Santíssima”, destaca a marabaixeira Elísia Congó, do grupo Raízes da Favela.

Ainda no sábado, as caixas rufam no barracão Berço do Marabaixo, localizado na Favela (bairro Santa Rita), com o Cortejo do Mastro percorrendo as principais vias do bairro a partir das 17h. No domingo, 25, os cortejos seguem pela manhã nos barracões Mestre Pavão, Azebic, Raimundo Ladislau e Raízes da Favela. À noite, rodas de marabaixo encerram o dia em clima de festa e devoção.

A programação é realizada pelas famílias tradicionais do Amapá e é reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde novembro de 2018. Essa manifestação típica reúne danças de roda, percussão, cantigas que narram o cotidiano das comunidades quilombolas amapaenses e elementos do catolicismo popular. O Ciclo do Marabaixo se inicia sempre no Sábado de Aleluia e se estende até o domingo seguinte ao Corpus Christi — neste ano, de 19 de abril a 22 de junho.

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