Hoje, eu quero falar para todos vocês de um assunto que me é muito caro – aliás, caríssimo!
Depois de 11 anos, chega ao fim um drama vivido por várias figuras públicas do cenário político do Amapá, que foram investigadas por um promotor de exceção; e alguns deles, como eu, foram presos por mais de 1.000 dias.
Do dia 22 de maio de 2012, quando foi deflagrada a famigerada “Operação Eclésia”, ao dia 11 de outubro de 2023, quando foi finalizado o julgamento no TJAP, passaram-se incríveis 4.159 dias de espera.
Fiz essa conta para que você possa entender a tragédia que nos atingiu, arquitetada pelo promotor de excessão contra a minha pessoa e meus companheiros.
Fui preso, execrado e humilhado publicamente para justificar uma falsa narrativa de desvio de dinheiro público do Poder Legislativo Estadual, que jamais foi comprovado pelo órgão acusador. Basta perguntar: quanto foi recuperado em valores financeiros($), do aludido e imaginário dinheiro desviado?
Pergunte ao promotor!
Tive que esperar pacientemente e transformar a prisão num “Retiro Espiritual Obrigatório“ para sobreviver. Foram dias de dor e sofrimento para mim, minha família, amigos e correligionários. Estava no meu sétimo mandato parlamentar, consecutivos, sem nenhum registro de intercorrências judiciais.
Esperar não é fácil minha gente, implica necessariamente em acreditar; e crer é um dos maiores desafios do ser humano, quando as circunstâncias estão na direção oposta do que planejamos; quando o imponderável acontece e nos sentimos presos. Cadeia que, às vezes, não tem grades, não tem paredes, mas tem muros que precisamos transpor, reunindo forças para acreditar que falta pouco e não podemos desistir.
Mesmo diante da dor que sempre senti, por causa da demorada espera pela reparação dessa grande maldade praticada pelo promotor de exceção, que topou fazer o serviço sujo, nunca me acovardei; encararei com coragem, resignação e resiliência a dura realidade me imposta pela obra do mal; seguir em frente e desenvolvi estratégias que me fizeram ultrapassar os muros que se apresentaram no meu caminho durante todo esse tempo.
E diante de tudo que eu já passei e tive que enfrentar; diante de tudo que tive de amargar nessa vida; me resta agora, acreditar e aceitar os desafios de ultrapassar esses muros que ainda me impedem de reconstruir a minha vida e refazer o meu caminho.
Agradeço a Deus todos os dias, por ter conhecido a cada um de vocês, por ter me dado a oportunidade de ganhar amigos – muito mais que irmãos, nessa caminhada sabática a mim imposta. Foi atravessando os meus momentos mais difíceis que conheci o melhor de mim e o pior de algumas pessoas. Confesso a todos vocês que foi nessa experiência que descobri que “o mundo também é feito das baratas que estão no esgoto”.
Tenho tentado me manter calmo, sereno, tranquilo e harmonizado; recorrendo à espiritualidade divina todos os dias. É um processo doloroso de transmutação de pensamentos e comportamentos. E como diz o grande cantor e compositor cearense Belchior:
“Tenho sangrado demais, tenho chorado pra Cachorro; ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro”.
Depois de todas as provas e vicissitudes que tive que passar, adotei como norma de vida: “lutar pelo melhor e me preparar para o pior”. E sei que a vida vai te colocar de joelhos diversas vezes, mas você só vai ficar de joelhos, se você quiser!
Hoje eu só tenho a dizer: Muito obrigado meu Deus, por tudo; e pelas orações e intenções de cada coração amigo!
Por: Edinho Duarte – Jornalista e pedagogo
2 respostas
Que Deus abençoe sua caminhada, uma faculdade que gera um diploma de experiências cheias de lágrimas secretas e risos disfarçados. Somente Deus para dá a força necessária para superar as noites de frio, os dias de calor e as palavras ouvidas que ferem a alma e a dignidade do ser humano.
Meus parabéns que Deus lhe abençoe muito nessa nova caminhada. O senhor é um guerreiro. É muito bom ser seu amigo.